quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Choque: recuo do gelo do Oceano Ártico libera gases de efeito estufa mortais


Fonte: www.revistaforum.com.br


A equipe de pesquisadores russos ficou estupefata depois de encontrar 'fontes' de metano, em quantidade cem vezes maior que o já visto, borbulhando até a superfície

Por Steve Connor [14.12.2011 10h08]
Tradução de Idelber Avelar
Quantidades inéditas e dramáticas de metano—um gás de efeito estufa 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono—foram vistas borbulhando até a superfície do Oceano Ártico por cientistas que realizavam uma vistoria extensiva da região.
A escala e o volume da liberação de metano deixaram estupefato o chefe da equipe russa de pesquisa que há vinte anos vistoria o solo oceânico da Plataforma Ártica da Sibéria do Leste, na costa norte da Rússia.
Em entrevista exclusiva a The Independent, Igor Semiletov, do ramo extremo-oriental da Academia Russa de Ciências, disse que nunca havia testemunhado a escala e a força do metano liberado de debaixo do solo oceânico ártico.
“Havíamos encontrado estruturas em formato de tocha como esta, mas elas possuíam apenas dezenas de metros de diâmetro. Esta é a primeira vez que encontramos estruturas de escoamento contínuas, impressionantes e poderosas, de mais de 1.000 metros de diâmetro. É impressionante”, disse o Dr. Semiletov. “Eu fiquei mais estupefato pela simples escala e alta densidade das plumas. Em uma área relativamente pequena encontramos mais de 100, mas numa área mais ampla deve haver milhares de plumas”.
Os cientistas estimam que há centenas de milhões de toneladas de gás metano presas por baixo do subsolo congelado do Ártico, que se estende do continente até o solo oceânico do mar relativamente raso da Plataforma Ártica da Sibéria do Leste. Um dos maiores medos é que com o desaparecimento do gelo marinho do Ártico no verão e a elevação rápida das temperaturas em toda a região, que já está dissolvendo o subsolo congelado da Sibéria, o metano preso poderia ser liberado de repente na atmosfera, levando a uma rápida e severa mudança climática.
A equipe do Dr. Semiletov publicou, em 2010, um estudo avaliando que as emissões de metano dessa região são mais ou menos de oito milhões de toneladas por ano, mas a expedição mais recente sugere que esse número subestima significativamente o fenômeno.
No final do verão, o navio de pesquisa russo Acadêmico Lavrentiev conduziu uma vistoria extensiva de cerca de 10.000 milhas quadradas de mar a partir da costa do leste da Sibéria. Os cientistas utilizaram quatro instrumentos altamente sensíveis, tanto sísmicos como acústicos, para monitoras as “fontes” ou plumas de bolhas de metano que sobem até a superfície do mar vindas de debaixo do solo oceânico.
“Numa área bem pequena, de menos de 10.000 milhas quadradas, contamos mais de 100 fontes, ou estruturas em formato de tocha, borbulhando pela coluna d'água e sendo injetadas diretamente na atmosfera a partir do subsolo oceânico”, disse o Dr. Semiletov. “Em 115 pontos estáticos, nós checamos e descobrimos campos de metano numa escala impressionante—creio que numa escala jamais vista antes. Algumas plumas eram de um quilômetro ou mais de largura e as emissões iam diretamente para a atmosfera. A concentração era cem vezes maior que a normal.”
O Dr. Semiletov divulgou suas descobertas pela primeira vez na semana passada, no encontro da União Americana de Geofísica, em San Francisco.

Original aqui.

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