sexta-feira, 9 de março de 2012

“IngerênCIA”, a nova invasão



Quase três anos depois do golpe político, militar, religioso e empresarial no Estado hondurenho, esta é uma mensagem clara das novas técnicas de predomínio e resgate de territórios colonizados pelos vizinhos do norte

Por: Ronnie Huete

São Paulo, 4 mar. A América Latina foi atacada. Perto de completar o terceiro ano do Golpe de Estado em Honduras, país da América Central, uma nova estratégia de invasão penetra com mais força.
Baseado em interessantes documentos, Philip Agee revela no livro Inside the Company: diário da CIAcomo a Agência Central de Inteligência (CIA) interfere nos partidos políticos latinoamericanos.
O autor narra com detalhe como os serviços de Inteligência dos Estados Unidos penetram nos partidos de direita e de esquerda das nações da América Latina que são chamadas de “democráticas”.
Por se tratar de um país centroamericano, Honduras possui território geopoliticamente importante. Assim, fica vulnerável a uma invasão silenciosa pelo império estadounidense, através de uma “ditadura moderna”.

Neofascismo
Sarcasticamente, esta é a forma pejorativa de se denominar uma ditadura. Questões relativas à repressão, como assassinato e ameaças de morte a quem opta por viver como opositor dentro do regime neofascista, entre outros fatores contra os direitos humanos, estão em curso no país.
Desde o dia 28 de junho de 2009, a mensagem foi clara: ser a favor das políticas progressistas na América do Sul é um pecado que se paga com a morte.
Somado a isso, as riquezas naturais que pertencem a Honduras e seu povo, a citar o petróleo, a água e até o oxigênio, são apropriadas para uma invasão dos Estados Unidos, cuja população sofre as calamidades de uma crise decorrente do agonizante sistema capitalista.
Assim como a União Europeia, os EUA estão ficando sem recursos naturais, por isso têm se (re)armado, a fim de se apoderar dos recursos das terras ao sul da Terra.

Bases aéreas
Por exemplo, o Mali, país africano rico em cobalto. É deste mineral que a telefonia celular depende para funcionar no mundo, mas o povo malinês tem sido vítima de invasão, em nome de um desenvolvimento econômico por meio do qual as multinacionais agem para extrair tudo que podem desta riqueza.
Em Honduras, que tem oito milhões de habitantes, seus 112.492 km² de extensão são indispensáveis para uma possível invasão do território nacional. Além disso, muito importantes para a operação da base naval estadounidense de Souto Cano (ou “Palmerola”), a mais estratégica da América Central, situada ao norte de Tegucigalpa, capital federal.
O que aconteceu em Honduras foi uma mensagem clara às demais nações que possuem recursos naturais o desejam virar à esquerda. Na América Latina, exato um ano depois do golpe em Honduras, tentou-se fazer o mesmo, sem sucesso, no Equador.
Da mesma forma que na Bolívia e na Venezuela, entre outros países que estão crescendo politicamente, serve como aviso para o império ianque e a União Europeia que aquelas economias tenham se distanciado do roteiro estabelecido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Nossa América Latina
Por esse motivo, é de suma importância que a América Latina seja vista como uma pátria forte. Faz-se necessário para aplacar a ambição dos vizinhos ao norte, uma vez que suas intenções neocolonialistas seguem firmes.
Em 2011, a Primavera Árabe deixou claras as verdadeiras pretensões dos países-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os mesmos que, por exemplo, propiciaram um Golpe de Estado na Líbia, integrante da Otan.
Em meio às ruínas, a Líbia deixou de ser a nação mais desenvolvida da África, devido à ambição dos países do hemisfério norte.
Assim também o é com nossa pátria grande latinoamericana. Especialmente em Honduras, vive-se uma invasão silenciosa, cujo governo obedece ao mais brutal roteiro da CIA e demais centrais de Inteligência dos Estados Unidos.

Inteligência terrorista
Algumas destas agências, disfarçadas de organismos altruístas e defensores da “democracia”, intervêm através dos meios de comunicação para subjugar aquele país centroamericano.
Dois recentes incêndios são ações claras de uma “ditadura moderna”. Em 14/02, 355 detentos morreram carbonizados no presídio situado na cidade de Comayagua. Quatro dias depois, mercados populares também pegaram fogo, em Tegucigalpa. Esta “ingerênCIA”, forma silenciosa de agir, é estratégica e tem predisposição para realizar ataques militares. No entanto, fica a pergunta para toda a América Latina: qual o próximo país da região onde este roteiro será escrito?

Qualquer atentado ou ameaça contra o autor deste artigo, é de responsabilidade dos que representam e governam o Estado hondurenho ou seus invasores.

O autor é correspondente voluntário na Revista Caros Amigos (editada em São Paulo) para a América Central; na Casa Mafalda (sediada em São Paulo); na agência de notícias Prensa Latina; no Portal Kaos en la Red; e no Portal Desacato (editado em Florianópolis).

Traduzido por Daniel Feldman Israel.

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