terça-feira, 24 de julho de 2012

A asquerosa gratidão ao capitalismo



Por: Bruno Torres.



Essa não será uma daquelas publicações longas, acerca de assuntos considerados mais sérios (relacionados ao capitalismo), mas será apenas uma breve conclusão em relação a algo facilmente observável por qualquer um.

Como disse, não é grandioso que irei falar, mas há um tempo que se convencionou, dizer que os nossos bens materiais são exclusividades do capitalismo, e são feitos pelo capitalismo. Além disso, atribuem que a humanidade só teve “progressos” também, graças ao capitalismo. Esse tipo de afirmação me dá ânsia de vômitos e me enoja de uma maneira que vocês nem imaginam, e se você não sabe o porquê da minha aversão a esse tipo de frase, vou lhe explicar o porquê.

Antes de tudo, temos que entender o que é o capitalismo, e se ele é tão divino assim como as pessoas afirmam.

O capitalismo é o modo de produção que historicamente falando veio a substituir o feudalismo. Ele é marcado pelo liberalismo político (com pluripartidarismo e democracia representativa, e geralmente são estruturas políticas presidencialistas), pelo liberalismo econômico, e pela forte influencia da indústria no setor econômico.

Assim como nos modos de produção anteriores a ele, o capitalismo é formado por uma sociedade de classes, entre dominantes e dominados. Quem retém os meios de produção de base é a alta burguesia, a elite, a que tem poder econômico e tem até influência na política. No intermédio tem a burguesia emergente, a classe média reacionária, quase sempre ludibriada ideologicamente pela alta burguesia, a ter aversão à classe baixa da sociedade. Lá em baixo tem o proletariado, eles constituem a maioria da população, é a classe trabalhadora que produz toda a riqueza da alta burguesia.

A alta burguesia consegue inserir muito bem o medo de proletarização na classe média reacionária, além de fazer com que os próprios proletários se convençam de que seu trabalho não é tão “valioso”, os fazendo ganharem pouco, por produzirem muito.

Bom, já que temos esse conceito em mente, podemos observar que nesse modo de produção, quem produz é o trabalhador, a burguesia apenas lucra, e assim são feitos esses tão aclamados “progressos do capitalismo”, e renova, e traz avanços inclusive para os instrumentos dos meios de produção, com o objeto de reduzir o custo da mão de obra, economizar e lucrar mais.

Se vocês tem que agradecer a alguém pelo seu computador, pela sua cama, talvez sua casa, sua estante, sua TV, livros, a comida que você come, e etc., não agradeça ao capitalismo, agradeça a trabalhadores, o capitalismo não fez nada nessa relação toda, quem faz são os trabalhadores, o capitalismo apenas é a forma como está organizada esses trabalhadores e seus patrões: Exploradores e explorados.

Sem contar também o fato de que as pessoas estão acostumadas à ideia de que o capitalismo é o único “sinônimo de progresso”, “sinônimo de mudanças constantes”. Esse tipo de pessoa acha que só porque os últimos avanços tecnológicos ocorreram no modo de produção capitalista, não iria mais haver avanços tecnológicos se mudássemos o modo de produção, substituindo o capitalismo, por uma sociedade mais ideal.

Esse tipo de pessoa acha que o capitalismo é o “sir. Fodão” dos modos de produção, e ignora os avanços anteriores ao capitalismo, como se só no capitalismo a tecnologia tivesse avançado. Esquecem todos os avanços no campo da ciência, da formação do cidadão, das tecnologias em prol da humanidade, tudo isso feito milhares de anos antes do aparecimento do capitalismo. O capitalismo tem apenas pouco mais de dois séculos de história.

Também não me surpreende se esse tipo de pessoa ignora todo avanço tecnológico vindo do período socialista da Rússia, quando ela fazia parte da antiga URSS. A Rússia antes da revolução era semifeudal, possuía meios de produção extremamente atrasados, a industrialização que eles tinham era praticamente tudo vindo de imperialismo capitalista de outros países, principalmente da Alemanha, um numero imenso de analfabetos, e a saúde em baixa. Depois da revolução (mesmo que “sangrenta” perante a perspectiva geral) alfabetizaram boa parte da população, melhoraram a saúde do país, desenvolveram os meios de produção industriais, desenvolveram a tecnologia do país, e chegaram até a colocar o homem no espaço antes que qualquer outro país.

Outra coisa que as pessoas esquecem é os atrasos tecnológicos gerados pelo capitalismo, por conta da ideologia de lucro, oferta, demanda e consumo constante. O capitalismo depende do consumismo para permanecer, e caso a tecnologia produz produtos muito resistentes e duradouros, um dia a economia vai se prejudicar com isso, pois ela propositalmente gera produtos com material facilmente quebrável, que dura pouco, para quebrarem, e as pessoas comparem mais, para assim, o mercado continuar se movimentando. Nisso, o capitalismo atua muito bem por atrasar o desenvolvimento tecnológico, mas isso é um assunto que pode ser detalhado melhor depois, e que pode ser assunto pra uma próxima publicação, com certeza mais detalhada a cerca disso.

Então de uma vez por todas, que uma coisa fique bem clara: O capitalismo não produz nada, e não traz nenhum avanço, trabalhadores é quem produzem e pessoas é quem criam. Não leve em conta esses argumentos de pessoas que tem “síndrome do capital”. O capitalismo não “gera coisas”, os trabalhadores “geram coisas”, o capitalismo é só a forma como está organizada a sociedade em relação aos trabalhadores, e os que exploram esses trabalhadores. Sabe o computador (ou outro aparelho), em que você está lendo essa publicação agora? Isso, agradeça ao proletariado, que mesmo explorado, é graças a eles que o seu PC está aí. Essa é a única gratidão que eu tenho, e que acho digna.

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