quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os números da crise, as ações do governo e a luta da classe trabalhadora



Foi divulgado na última segunda-feira, 16 de julho, que o FMI reduziu a previsão do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil de 3,1% para 2,5% em 2012. No mesmo dia, o Boletim Focus do Banco Central, trouxe nova queda na estimativa do mercado para o crescimento do PIB, chegando a 1,9% neste ano. Ou seja, todos concordam que em 2012 o crescimento do PIB será menor do que o de 2011 (2,7%).
A presidenta Dilma se contradiz. Por um lado fala em discurso que o PIB não é o critério para medir o crescimento de uma nação, por outro, todas as medidas do governo são para levantar o PIB.
Para que possamos entender, o PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma determinada região em um determinado período. Portanto, é um importante indicador da atividade econômica de um país. Antes o governo propagandeava os crescimentos do PIB brasileiro, agora secundariza sua importância, é um claro sinal de que o governo sabe que a economia vai mal e que a tendência é piorar.
No primeiro trimestre a produção industrial no país retraiu 3%. Para além dos dados econômicos, temos números do que tudo isso começa a significar para a vida da classe trabalhadora.
A planta da Mercedes no ABC suspendeu o contrato de 1500 trabalhadores. Com isso, agora eles recebem parte do salário pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e a empresa deixa de recolher para a previdência (INSS) e de depositar o Fundo de Garantia (FGTS).
Em São José dos Campos, a GM ameaçou demitir 1500 trabalhadores. Os operários fizeram greve de 24h essa semana contra as demissões. A mesma GM abriu em julho um segundo PDV (Programa de Demissão Voluntária) neste ano, o primeiro foi concluído em junho com a demissão de 186 funcionários. A Volkswagem de Taubaté também abriu um PDV em julho. Em abril, a Scania de São Bernardo do Campo abriu um PDV, concluído com 100 demissões. A Volvo de Curitiba, demitiu 208 trabalhadores em julho. Esses números de um importante setor da indústria, que mesmo recebendo benefícios do governo não consegue elevar sua produção, são um sinal de alerta para os cortes que estão por vir.
As medidas do governo
O governo tem feito de tudo para animar a economia dando benefícios para os empresários e onerando os trabalhadores.
Baixou a taxa básica de juros (a taxa SELIC), antiga reivindicação dos industriais, para 8% ao ano; Avançou no processo de desoneração da folha de pagamento de setores da indústria; Lançou um programa governamental de compra de equipamentos no valor total de R$ 8,4 bilhões (o chamado PAC Equipamentos); Manteve o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para a linha branca e móveis, e o IPI zero para os carros 1.0; Baixou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para empréstimos de pessoas física; E liberou mais de R$ 50 bilhões em compulsórios neste ano para os bancos.
Enquanto o governo faz bondades com o dinheiro público para empresários e banqueiros, por outro lado cortou R$ 55 bilhões do orçamento de 2012, só da Saúde foram cortados R$ 5,4 bilhões. Anuncia reformas que vão prejudicar os trabalhadores, como uma nova Reforma da Previdência. E não atende nenhuma reivindicação popular. Um exemplo disso é a maneira como tem tratado a greve das universidades federais.
O endividamento dos brasileiros chegou a níveis nunca antes vistos na história deste país, tendo dobrado em 7 anos. Segundo a FecomercioSP, 62,5% das famílias brasileiras estão endividadas. O crédito dá sinais de estar próximo do limite. Mais um motivo para acreditar que as medidas do governo que, de certa forma, ajudaram a protelar os efeitos da crise de 2008/2009, não terão o mesmo efeito agora.
Nossas tarefas
No Congresso da CUT, ocorrido na semana passada, explicamos nossas posições para os delegados presentes com uma declaração distribuída a todos, além de defendermos nossa opinião sobre conjuntura e as tarefas da CUT no plenário. Nossa intervenção foi bem recebida por diversos delegados e setores cansados do tripartismo (colaboração entre trabalhadores, patrões e governos) e da falta de independência política e financeira da central.
No plano de lutas do CONCUT foi aprovada uma marcha no dia 15 de agosto com a plataforma de fim do fator previdenciário, contra desoneração patronal, a rotatividade e precarização, pela ratificação da convenção 158 e redução da jornada. Devemos organizar na base a participação nessa marcha e utilizá-la como ponto de apoio para que a CUT mobilize de forma concreta a luta por essas bandeiras e prepare verdadeiramente a resistência da classe trabalhadora contra as medidas dos capitalistas para jogar a crise nas costas dos trabalhadores.
Agora em julho, as campanhas eleitorais começam a esquentar. Participamos diretamente das eleições com os candidatos de nossa corrente no PT ou apoiando candidatos petistas levantando a bandeira da ruptura dos governos do PT com a burguesia, em defesa das reivindicações dos trabalhadores e da juventude e explicando que a crise que se aprofunda é a crise de todo um sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção, que incessantemente busca o lucro e não a satisfação das necessidades básicas da maioria do povo.
Nossa batalha é para elevar a consciência de classe e avançar na construção de uma força capaz de acabar com esse sistema de crises econômicas, guerras entre povos e opressão da maioria da humanidade. Nossa batalha é por um governo socialista dos trabalhadores!

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