domingo, 8 de julho de 2012

Serra e PSB juntos para derrotar Dilma em 2014?



Miguel do Rosário em seu O Cafezinho
matéria acima é de Catia Seabra, uma das mais experientes e bem relacionadas jornalistas políticas do País. A teoria – de que o PSB pode se desvencilhar do PT e se unir aos tucanos – tem sido ventilada por vários analistas da grande mídia.
Merval Pereira, por exemplo, em sua coluna de sexta-feira, dia 6, diz o seguinte:
Por isso mesmo, o racha do PSB com o PT em Belo Horizonte, mais do que os de Fortaleza e Recife, está sendo visto pelo comando nacional petista como uma sinalização de que o governador Eduardo Campos está se movendo para uma distância segura do PT.
[…] Com ou sem partido novo, porém, o fato é que o candidato natural do PSDB à Presidência da República em 2014 está costurando nos bastidores diversas alianças políticas para viabilizar sua candidatura, confiante em que a aliança da base aliada não resistirá às dificuldades de convivência interna nem à crise econômica que tende a se agravar.
Parece até uma ação combinada. Todo mundo querendo implodir a base aliada. Só que estão forçando a barra. PT e PSB sempre se estranharam. Não é nenhuma novidade. Entretanto, a mídia está impondo uma interpretação enviesada, transferindo lógicas de ordem local para o plano nacional.
Tudo bem, temos a entrevista com Ciro Gomes ao Estadão, dando umas cacetadas no PT. Mas Ciro bate ainda mais forte em Aécio. E com todo o respeito pelo importante quadro político que é Ciro Gomes, ele é carta fora do baralho. Não é confiável, nem para seu próprio partido. Sua afirmação de que o PT “aniquilou sua carreira política”, ao forçar sua saída da última eleição presidencial, é simplesmente ridícula. Quem mandou Ciro sair foi o PSB, e por razões absolutamente racionais: Ciro nem o PSB tinham condições políticas para bancar uma candidatura, ainda mais num ambiente altamente polarizado entre PSDB e PT. O PSB tinha de se posicionar e agiu certo: sua posição gerou excelentes dividendos políticos para o partido.
Os problemas recentes entre PSB e PT podem até trazer, como pano de fundo, divergências programáticas mais graves, mas é preciso verificar sobretudo os componentes locais, que sempre agem com muita força numa eleição municipal.
1. Em Recife, o PT implodiu sozinho. Não há porque culpar PSB ou a relação entre PSB e PT pelos problemas na capital de Pernambuco.
2. Em Fortaleza, briga de egos e cabeças duras. Luizanne Lins, do PT, é uma cabeça quente. Os irmãos Gomes também são cabeçudos. A briga é certa.
3. Em BH, o Aécio envenenou e seduziu Márcio Lacerda, ao que parece prometendo apoio em eleição para governador em 2014.
Todavia, eu não acredito em ruptura de PSB com PT, e acho que a mídia está manipulando estatísticas de alianças. Há um sensacionalismo tendencioso por trás do anúncio da queda no número de alianças entre os dois partidos nas capitais brasileiras. É claro que, de uma eleição para outra, as condições políticas mudam totalmente, e a quantidade de alianças com outro partido pode cair ou crescer. Mas é importante ver o quadro total, nacional. O Brasil tem mais de 5 mil cidades, não é porque o PT e PSB romperam aliança em duas ou três cidades que se pode dizer que o casamento acabou.
As declarações das lideranças do PSB têm sido enfáticas: o partido vai apoiar Dilma em 2014. É isso que importa, o resto é fofoca ou especulação interessada. E os sinais políticos de hoje não indicam nenhuma mudança nesse sentido. Ao contrário, os dirigentes partidários deram mostras de aborrecimento pelos problemas nas alianças já mencionados, e trataram de dirimir as dúvidas quanto à mútua lealdade exibindo fotos de Lula e Eduardo Campos abraçando-se sorridentes.
O anseio serrista, portanto, não passa disso, de um anseio, e parece satisfazer mais a vontade de ferir Aécio do que, efetivamente, forjar uma aliança com Eduardo Campos.
Em 2018, aí sim, Eduardo Campos poderia ter sua chance. Mas pensar em 2018 agora é futurismo tolo.
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Eleições em São Paulo e em Minas Gerais
Algumas curiosidades interessantes sobre a eleição em São Paulo divulgadas na sexta-feira, dia 6, na mídia:
Os números referentes à verba esperada de campanha mostram duas coisas:
1. Os valores astronômicos indicam que os partidos desta vez estão com medo de fazer caixa 2.
2. Vai ser uma briga feia. PSDB e PT vêm com muito dinheiro e muito tempo. E mais ou menos equiparados nesse quesito.
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No Painel da Folha, tem umas notas que merecem ser digeridas com atenção. Outro dia comentamos sobre elas:
Dilma 2014
O empenho total de Dilma Rousseff em arregimentar apoios para Patrus Ananias (PT) pouco tem a ver com a eleição em Belo Horizonte. A presidente viu na cizânia entre PT e PSB em várias capitais o sinal de que Eduardo Campos é um adversário em potencial para sua reeleição. Da mesma forma, a vitória de Márcio Lacerda em BH consagrará outro potencial oponente, Aécio Neves (PSDB). Ao atuar pesado em sua terra natal, Dilma faz o primeiro lance explícito no tabuleiro de 2014.
A postos – Dilma atua pessoalmente desde segunda-feira na novela mineira. No Planalto, recebeu o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o vice-presidente da República, Michel Temer, só para tratar do tema. Ontem [5/7], articulou o apoio do PSD de Gilberto Kassab a Patrus.
A prazo – O PMDB pediu o Ministério dos Transportes na negociação para apoiar o PT em BH. Não deve levar agora, mas a expectativa é que, após o pleito, Dilma faça nova reforma ministerial para incluir a seção mineira do partido e o PSD de Kassab.
Dia D – Também de olho em 2014, Aécio programa chegada triunfal a BH, hoje [6/7], com caravana de partidos para prestigiar Lacerda. “Será o desembarque da Normandia”, exagera um tucano. O senador dará entrevista acusando o PT de trair o prefeito.

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