quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Por uma revolução já na educação. Sem ela, o Brasil não será uma grande nação




O Ministério da Educação divulgou nesta terça (14.8) os dados da avaliação da educação básica, o que envolve o ensino fundamental – infantil e 1ª à 9ª série, e médio. A medição é feita pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os dados não são nada animadores e só confirmam algo que eu penso sobre o assunto: o Brasil precisa de uma revolução na educação. 

Isso mesmo, nada de reformas. Precisamos de uma revolução que envolva toda a sociedade, ao lado da inovação e da pesquisa cientifica. É o principal desafio para o país nos próximos 10 anos, sem o que não daremos um salto de qualidade em nosso desenvolvimento. 

Em primeiro lugar precisamos de recursos para formar e ter professores em período integral, 40 horas, bem remunerados e com condições para se manterem em processo permanente de qualificação e requalificação. As escolas precisam ser informatizadas, com currículos e métodos pedagógicos do século XXI, linguagem do mundo de hoje. Escolas comunitárias com esporte, lazer e cultura, dirigidas por professores, alunos, funcionários e pais, pela sociedade como um todo. 

É uma tarefa de todos, não do governo ou dos pais. Muito menos dos professores e funcionários apenas. Sem isso não adianta investir capital em material, equipamentos, prédios... Sem o capital humano, o cidadão instruído e culto, não haverá uma grande nação, nem uma civilização nos trópicos.

Melhora um pouco aqui, piora lá

Vejam como os dados do indicador melhoram um pouco, depois caem, e voltam a melhorar ... Estamos pensando a questão de forma burocrática, e temos que trabalhar em outro ritmo, com outra ambição. Não vou reproduzir todos os dados aqui. Estão na imprensa de hoje. Mas no essencial é isso:

- Entre 2009 e 2011 houve melhora na qualidade nos primeiros anos do ensino fundamental, atingindo a média de 5,0. A meta era 4,6, mesmo índice que havíamos atingido em 2009. Já no ensino médio o indicador subiu apenas 0,1 ponto, passando de 3,6 para 3,7. Em nove Estados o índice piorou em relação à edição anterior;

O problema é que as metas são muito modestas. Caminhamos a passos de tartaruga, e precisaríamos evoluir em outra velocidade se quisermos que nossos filhos e netos desfrutem de um país com outras condições. 

- Os resultados são muito desiguais considerando municípios e escolas individualmente: 39% dos municípios e 44,2% das escolas estão abaixo da meta. 

- Estudantes do último ano do ensino fundamental – 9º ano - tiveram 4,1 pontos em 2011. A meta era de 3,9, também uma marca obtida há dois anos. 

- Alunos do ensino médio tiveram o pior desempenho e crescem no ritmo mais baixo. Em 2011, eles alcançaram a meta projetada de 3,7 pontos. O crescimento aqui tem sido lento: em 2005 foi 3,4; em 2007 teve 3,5; em 2009, a nota foi de 3,6. A distância da nota do IDEB nos anos iniciais em 2011 ficou quase três vezes maior em relação ao ensino médio na comparação com o 1º ano do índice, em 2005.

Outro problema, apontado pela especialista Vera Masagão, coordenadora-geral da ONG Ação Educativa: “Poderia haver muito mais jovens matriculados no ensino médio que estão fora da escola”. Ela diz ainda: “A gente precisa de um investimento muito forte em qualidade e não é à toa que a matrícula também está aquém” do necessário.

Situação em São Paulo

E a situação não está muito melhor em São Paulo, o estado mais rico da federação. Aqui os estudantes estão um pouco melhor no ensino médio, mas estão piores no fundamental:

- No ciclo 1, de 1.ª à 4.ª série, a nota foi 5,4 e, no ciclo 2, da 5.ª à 8.ª série, 4,3. Mas não houve aumento dessas notas entre 2009 e 2011. E as notas da Prova Brasil mostram que a rede estadual de ensino fundamental tem rendimento médio menor que a média nacional nas provas de matemática;

- 10% das escolas no Estado de São Paulo não conseguiram alterar em nada suas notas entre 2009 e 2011; 38% das escolas da rede estadual pioraram seu desempenho no mesmo período.

- As escolas municipais da capital não alcançaram a meta. A nota da rede foi de 4,3 - a meta, no entanto, era de 4,6. As escolas estaduais na capital paulista com alunos de 5.ª à 8.ª série tiveram nota de 4,1, abaixo da meta de 4,3.

Enfim, é isso. Não dá para ficarmos empacados como estamos na área do ensino. Precisamos de planos arrojados, como o que a presidenta Dilma lançou, com a criação de 100 mil bolsas de estudo no exterior (75 mil bancadas pelo governo e 26 mil pela iniciativa privada/estatais) do programa Ciência sem Fronteiras, multiplicando por quatro o número de bolsistas brasileiros no exterior até 2014.


(Foto: Roosewelt Pinheiros/ABr)

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